O que merece uma vida humana?

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Desde a concepção a pessoa humana é a culminância do alvitre da criação, ocupando um lugar único. Ela é a imagem de Deus, e para as que vivem da fé, amor e perdão, são capazes deste reconhecimento. Foi para este valor e fim que a pessoa humana é criada e a razão basal da sua dignidade, não é apenas um caso, mas, capaz de reconhecer-se, de possuir-se e de doar-se livremente e adentrar em comunhão com outras pessoas. E é chamada, por graça, a uma aliança com o seu Altíssimo, a oferecer-lhe uma resposta de fé e de amor, e outro não pode oferecer em seu espaço. Então, a vida humana merece muito amor! Qualquer pessoa, desde o embrião até a mais vivida, vale mais do que os trilhões, o ouro, o diamante e a prata e junte todas as riquezas do mundo. A negociabilidade é uma questão de amor ou egoísmo. Quem decide? Existe o Céu, como também o Inferno.  Decidiremos para o qual?

Nenhum de nós pode viver inteiramente se não arriscar em dar a vida que auferimos, coesa, crescida. Isto é, servir os seus irmãos, amando-os, visto que amar, é consecutivamente darmos a vida.

A doação da nossa vida manifesta-se direta e individualmente nas nossas afinidades interpessoais, ou indireta e coletivamente através das causas a acastelar, das ações a empreender, dos duelos a agarrar, etc…

O episódio está em que qualquer pessoa hoje, especialmente neste mundo trágico dos excluídos, pensa que sua vida não lhe serve para nada e que jamais poderá vir a servir. Tendem-se a viver indiferentes, relapsos, sem temor, no tanto faz, embriões não são pensados como vidas humanas, suicídio se torna opção, mortes violentas de vidas humanas não mais lhes importam, gostam de viver com as pessoas, mas não se esforçam em ajudar na convivência, anopluras da vida familiar e social. “Não procureis a morte por uma vida desregrada, não sejais o próprio artífice de vossa perda, Deus não é o autor da morte, a perdição dos vivos não lhe dá nenhuma alegria” (Sb1,12-130. Ora, elas sabem que aquilo que não presta… se atira para fora!

A doação da nossa vida manifesta-se direta e individualmente nas nossas afinidades interpessoais, ou indireta e coletivamente através das causas a acastelar, das ações a empreender, dos duelos a agarrar, etc… “A firmeza interior, que é obra da graça, impede de nos deixarmos arrastar pela violência que invade a vida social, porque a graça aplaca a vaidade e torna possível a mansidão do coração” (Papa Francisco, GE, nº 166).

A pessoa humana que assume quotidianamente a fé, não carcome as suas potências a prantear-se dos erros desatentos, é capaz de conservar calada sobre os defeitos dos seus irmãos e atalha o abuso falado que arrasa e fere, porque não se mede digna de ser dura com os outros, mas avalia-os elevados a si própria: “ Nada façais por espírito de partido ou vanglória, mas que a humildade vos ensina a considerar os outros superiores a vós mesmos” (Fl 2, 3).

Não nos basta, com efeito, para nós, recolhermos, tomarmos consciência da vida que recebemos de outrem, assumi-la plenamente, e, integrando-a personaliza-la; mas é preciso a cada momento tentarmos fazê-la passar de nós mesmos para os outros, para que ela continue o seu itinerário de criação. Caso contrário, colocamo-nos numa situação versus da história da pessoa humana e da humanidade, ausente do desígnio do Pai, efetivado no seu filho Jesus Cristo. E, nesse caso, não podemos ser felizes, porque não vivemos no bom sentido. Às vezes, vivemos por um longo tempo, o que não nos pertence, e isto lota a vida pessoal, familiar e social. A vida não perde sua essência aqui na terra. É o próprio Deus, o dono dela que diz: “Vós sois o sal da terra… Vós sois a luz do mundo” (Mt 5,13.14). E nos diz com brandura: “Como o Pai me ama, assim também eu vos amo” (Jo 15,9). Juntos pela vida humana, vale muito amor, perdão, conquista! A vida humana tem um lugar no Céu. “Depois de ir e vos preparar um lugar, voltarei e tomar-vos-ei comigo, para que, onde eu estou, também vós estejais. E vós conheceis o caminho para ir aonde vou” (Jo 14,3-4). Crê e se sente no caminho com a Igreja e com a família?

Pe. Antônio Teixeira Sobrinho