“O sacerdote é o refúgio às pessoas que sofrem, que querem uma cura, uma palavra de esperança”, diz Dom Giovani na Missa dos Santos Óleos

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Na quinta-feira, 1 de abril, foi celebrada na Catedral Imaculado Coração de Maria, em Uruaçu, a Santa Missa do Crisma, com a presença dos presbíteros da Diocese de Uruaçu. A celebração foi presidida pelo nosso bispo diocesano, Dom Giovani Carlos. Essa celebração, que acontece em todo o mundo, expressa a comunhão da Igreja e unidade do clero com seu bispo. Neste mesmo dia em que se celebra a instituição do sacerdócio e da eucaristia, os padres renovam suas promessas sacerdotais. Os santos óleos abençoados pelo bispo são os mesmos usados nas paróquias e pela diocese nos sacramentos da Confirmação para ungir os crismandos e da Ordem, nas ordenações sacerdotais para ungir as mãos do neosacerdote e nas ordenações episcopais para ungir a cabeça do novo bispo.

Na sua homilia, o bispo expressou: “O Evangelho de hoje marca o início da vida pública de Jesus. A missão dele começa a partir desse momento: ele entra na Sinagoga, em Nazaré e ler um trecho do profeta Isaías, que é a primeira leitura da liturgia de hoje”.

O trecho citado por Giovani é o seguinte: “Jesus diz: ‘hoje se cumpriu esta passagem da escritura que acabastes de ouvir’, isto quer dizer: O Antigo Testamento estava sem o seu cumprimento. Na escritura do Antigo Testamento encontrou-se o cumprimento, seu sentido em Cristo. O trecho em questão diz: ‘O Espírito do Senhor está sobre mim, porque o ele me consagrou com unção, para anunciar a boa nova aos pobres’. Nesse trecho, existe o porquê e o para que. O ‘porquê’ denota o ser de Jesus. O para que, a missão dele. Porque me consagrou com a unção. Jesus é ungido, ou melhor: Ele é a unção. Ele é o Cristo. O porquê mostra que ele é ungido. O que quer dizer ungido? Aquele cujo o Espírito Santo está sobre ele e nele pela unção. O Espírito é o Amor da Santíssima Trindade. O amor para com o Pai. E o amor do Pai para com o Filho. Ao ser ungido, constata-se a veracidade do amor, que o levou até a cruz”.

“O sacerdote de modo especial, ele é ungido. E para que? Para anunciar a boa nova aos pobres.

Dom Giovani continuou dizendo que ele é ungido. O sacerdote participa dessa unção e, todo batizado cristão é ungido também, porque ele participa dessa vida de amor da Santíssima Trindade. “O sacerdote de modo especial, ele é ungido. E para que? Para anunciar a boa nova aos pobres. Revela a missão de Jesus, para que? O próprio texto marca o início da vida pública dele. Por conseguinte, Jesus envia o Espírito Santo aos apóstolos e confia a eles a sua própria missão, o ‘porquê e para que’, se resume em Jesus confiar aos apóstolos a continuidade da vida e missão dele”.

“A cruz e a Santa Ceia são a mesma coisa e contém o mesmo significado. Somente Jesus tem o direito de dizer: ‘Isto é o meu corpo… Isto é meu sangue… porque foi esse Corpo e esse Sangue sacrificado na cruz’, só ele tem o direito de dizer”, expressou o bispo. Bento XVI, nos diz: “O mistério do sacerdócio da Igreja encontra-se no fato de que nós, pobres seres humanos, em virtude do Sacramento, podemos falar o seu Eu: in persona Christi”. Dando sequência, o bispo disse: “Ele nos deu essa missão, esse dever, esse direito de fazer, in persona Christi. Sem dúvida o Senhor nos quer no seu sacerdócio. Ele quer exercer o seu sacerdócio através de nós. Apesar de pobres pecadores, mas escolhidos e chamados por ele”. Dom Giovani que o Senhor nos quer em sua amizade, por isso nos chama a participar com ele do banquete sagrado. “Já não vos chamo servos, mas amigos. O núcleo do sacerdócio é o fato de sermos amigos de Jesus Cristo. Este é o profundo significado do ser sacerdote: tornar-se amigo de Jesus Cristo”.

Conforme o bispo, “ser sacerdote significa tornar-se amigo de Jesus Cristo, e isto, cada vez mais com toda a nossa existência. Ressaltou ele o mundo tem necessidade de Deus, não de um deus qualquer, mas do Deus de Jesus Cristo, do Deus que se fez carne e sangue, que nos amou a ponto de morrer por nós, que ressuscitou. O sacerdote sempre foi referência e sinal da presença de Jesus Cristo, sobretudo, nesse tempo de sofrimento, o sacerdote volta ter aquela visibilidade, não só, como uma aparência para chamar a atenção. Todavia, é o refúgio às pessoas que sofrem, que querem uma cura, uma palavra de esperança”.

O povo precisa da Igreja

Dom Giovani fez comentários também sobre o momento de pandemia que passa a humanidade, já transformando o cotidiano há mais de um ano. Ele enfatizou que a Igreja, neste momento é muito importante, sobretudo para aqueles que mais sofrem os efeitos dessa crise sanitária. “Do povo, essa doença tirou a saúde. Muitos foram tirados do trabalho e alguns não têm acesso ao psicólogo ou ao psiquiatra. Diante da sua enfermidade, para muitos o psicólogo é aquela Palavra que ouve do sacerdote. Se até essa Palavra se tira do povo, é uma crueldade, porque às vezes o povo sofrendo, cansado e perdendo a esperança, vem à Igreja. Ele ouve a Palavra de sustento, pois é isso que o povo precisa, de uma palavra de esperança. Nós nos tornamos referência. Visitando algumas paróquias de nossa querida diocese e ouvindo um dos padres, ele disse: ‘Aqui na cidade gosto de estar na igreja para que o povo, mesmo não vindo às celebrações, mas ver que o padre está lá, o Cristo está quando precisar. O Pai do filho pródigo estava lá na varanda, na escada esperando o filho pródigo. Em outras palavras, esse é o lugar do sacerdote, a Casa de Deus. É o que ele representa”.

O bispo disse ainda que a marca dos santos é a perseverança. “Eles têm muitas virtudes, mas e se faltar a perseverança? Que adianta ter uma vida em santidade hoje, e amanhã, não mais? E, é por isso que desejo para todos os presbíteros neste dia tão caro para nós a graça da fidelidade. É grandioso o que ele fez de nós”. Ainda dirigindo-se aos padres, o bispo completou: “O Senhor diz para cada um de vocês hoje: ‘Nós somos instrumentos da graça, do poder, mas também da consolação no Senhor. Nós encontramos a força na fraternidade presbiteral’. Ele concluiu com a leitura do Salmo 88. ‘Encontrei e escolhi esse meu sacerdote, meu servidor. Eu o ungi para ser rei, com meu óleo (…)’”.

Texto: Indra Virgilia Ferreira Liah
Fotografias: José Tomaz Lucas França
Pascom Paróquia Sant’Ana
Uruaçu – Goiás.

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