Dia Nacional da Economia Solidária, celebrado em 15 de dezembro, reacende desejo do Papa por “economia justa, sustentável e inclusiva”

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O Dia Nacional da Economia Solidária é comemorado anualmente em 15 de dezembro, no Brasil. A data tem o objetivo de incentivar a defesa do trabalho associado e voluntário, a partir do desenvolvimento sustentável, respeito à vida e com justiça social.

Mundialmente, o Papa Francisco deu enfoque à temática quando promoveu o encontro “Economia de Francisco e Clara”,em 2019, refletindo e reconhecendo práticas econômicas que promovem a vida de todas as pessoas, a chamada economia solidária. A iniciativa convocou jovens empreendedores, economistas e transformadores sociais do mundo todo para um “compromisso no espírito de São Francisco, a fim de tornar a economia de hoje e de amanhã justa, sustentável e inclusiva, sem deixar ninguém para trás”.

No Brasil, recebendo os ecos do chamado do Papa Francisco, várias mobilizações propondo reflexões e intercâmbios de experiências entre organizações católicas que apoiam a agenda do Papa surgiram desde a convocação do evento “Economia de Francisco”. A Articulação Brasileira pela Economia de Francisco e Clara, por exemplo, é formada por muitas pessoas, jovens e seniores, movimentos, redes, associações, entidades que juntas colocam em prática o chamado do Papa Francisco na construção de uma economia com mais alma.

Prova disso foi a realização do 2º Encontro Nacional da Economia de Francisco e Clara brasileiro que ocorreu em parceria com a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, a PUC Minas. O evento foi realizado de modo virtual entre os dias 19 e 20 de novembro, com painéis, grupos de trabalhos nos territórios e desenvolvimento de práticas para fazer surgir e ver a Economia de Francisco e Clara na vida do povo brasileiro.

Esse encontro brasileiro concretizou compromissos e práticas para vivenciar a Economia de Francisco e Clara nos lugares, buscando compreender uma metodologia que provoque a conversão integral (LS 2018) a partir de práxis libertadoras.

Semana de Ativismo – Em maio, a Articulação organizou uma “semana de ativismo” para refletir sobre a proposta de realmar a economia a partir da Ecologia Integral, pilares contemporâneos da vivência cristã encarnada na realidade. O convite a “Realmar e Integralizar”, conforme explicou a coordenação do evento, buscou reconhecer que tudo está conectado, que há uma dimensão social, econômica, cultural e política a ser transformada por cada um e cada uma.

“Vivemos a experiência por meio de rodas de conversas, vídeos, imagens e, no dia 5 de junho, Dia do Meio Ambiente, com um Sarau mobilizador de nossas esperanças!”.

Plataforma Casa Comum e Cáritas Brasileira- plataforma Casa Comum é um espaço virtual de mobilização, reflexão e intercâmbio de experiências entre organizações católicas que apoiam a agenda do Papa Francisco desde a convocação do evento internacional “Economia de Francisco”.

A plataforma permite que católicos, organizações da sociedade civil, acadêmicos e demais pessoas interessadas possam apresentar suas reflexões sobre os temas prioritários do evento — as chamadas Vilas Temáticas. Entre os doze temas principais estão agricultura e justiça, estilos de vida, redução das emissões de gases causadores das mudanças climáticas e a participação das mulheres para construir uma economia com equidade.

A Cáritas Brasileira, organismo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), é uma das organizações que participam da coalizão que construiu a plataforma. O organismo, inclusive, está organizado em uma rede com mais de 180 entidades-membro em 12 regionais, com  atuação em mais de 450 municípios, sendo presença solidária junto às pessoas mais necessitadas.

A Cáritas desenvolve atividades nas áreas de Convivência com Semiárido; Políticas Públicas e Controle Social; Segurança Alimentar e Nutricional; Economia Popular e Solidária; Campanhas e Emergências; Fortalecimento da Rede Cáritas;  Voluntariado, e ações junto a crianças, mulheres, jovens e idosos.

Exemplo de experiência de Economia Solidária na Igreja no Brasil

A Paróquia São Roque, relatada em matéria no Vatican News, localizada na Comunidade Quilombola Matinha dos Pretos na arquidiocese de Feira de Santana (BA) é um desses sinais proféticos de uma igreja samaritana e solidária.

Comunidade Quilombola Matinha dos Pretos

Em novembro, a arquidiocese de Feira de Santana (BA) elevou a igreja de São Roque, na Comunidade Quilombola Matinha dos Pretos a paróquia. A nova paróquia reunirá 13 comunidades em sua área pastoral, com o maior número de comunidades quilombolas no Município de Feira de Santana.

A nova paróquia tem uma caminhada histórica na resistência, na luta pela terra, em meio aos desafios, mas nunca perdeu a esperança, a fé e a alegria com sua rica diversidade cultural.

Cuidar da Terra –  A agricultura está na base da economia das comunidades quilombolas de Matinha dos Pretps. Produzem o milho, feijão e a mandioca, lavouras de subsistência. Com esse trabalho ajuda a geração de renda e a permanência das mulheres no cultivo da terra. Assim preservam a cultura ancestral.

Uma cultura rica, mas ainda desvalorizada pela sociedade moderna com as influências da cultura urbana. E este um desafio para Maria das Neves que relata um pouco do cotidiano das mulheres quilombolas:

“Aqui na comunidade Matinha dos Pretos temos a cultura de subsistência que é o milho, feijão e a mandioca e temos o trabalho com a fruticultura com o beneficiamento da polpa de frutas realizadas pelo Grupo de Mulheres Quilombolas com produção de beneficiamento da manga, tamarino, caju e goiaba. Esse projeto é para agregar valores e melhorar a renda das mulheres e a permanência dessas trabalhadoras rurais no campo. Nós mulheres abraçamos a causa e estamos de pé e queremos fazer a diferença”, relata Maria das Neves.

“A produção agrícola comunitária está voltada para o cultivo da mandioca, milho, feijão, frutas e folhas, num trabalho desenvolvido pelo coletivo familiar, o que garante o sustento das famílias. Também é diversa na configuração do trabalho, composta por lavradores e trabalhadores assalariados que se deslocam para a cidade em busca de emprego para complementar a renda familiar. É uma região que está inserida num espaço de muita fé e lutas reivindicatórias pelos direitos a saúde, educação e inclusão produtiva. Mas que encontra na religião uma forma de manifestar sua devoção e fé, seja através de seus benditos, ladainhas entre outros modos de devoção popular”. Francisca das Virgens Fonseca- Comunidade Quilombola Candeal II.

Outras iniciativas de economia solidária podem ser encontradas no site da Cáritas Brasileira.

 

 

Fonte: CNBB