Zelo pela casa comum

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A Campanha da Fraternidade, neste ano, será ecumênica e terá dimensões internacionais, pois será realizada também na Alemanha através da Misereor, organização dos bispos católicos alemães para a cooperação e o desenvolvimento. Ela vai além de nossas fronteiras. Algumas religiões unidas saem em favor do meio ambiente. “A ONU reconhece o papel imprescindível das religiões para a promoção de mudança de valores no que diz respeito ao meio ambiente” (CF 2016 nº 18).

Esta campanha tem por objetivo assegurar o direito ao saneamento básico para todas as pessoas e despertar para o empenho, à luz da fé, por políticas públicas e atitudes responsáveis que garantam a integridade e o futuro da Casa Comum.

O Papa Francisco na sua Encíclica “Laudato Si” chamou a humanidade para a grande responsabilidade de cuidar do meio ambiente, pois ele é a casa da vida. Caso não se cuide da natureza a vida sofrerá graves consequências. “Estamos vivendo um momento que podemos considerar crucial para a continuidade da vida no planeta Terra” (CF 2016 nº 30). É tempo de escolher viver, ou morrer.

É preciso entender o que significa o saneamento básico, trabalhar para que ele exista de forma concreta e que os recursos destinados a ele sejam realmente aplicados em seu favor. É bem provável que nem todas as pessoas saibam o seu significado e por isso vivem despreocupadas. Atitudes de  desinteresse pela “Casa Comum” permitem que as comunidades fiquem vulneráveis às doenças decorrentes da ausência do saneamento.

“O saneamento básico inclui os serviços públicos de abastecimento de água, o manejo adequado dos esgotos sanitários, das águas pluviais, dos resíduos sólidos, o controle de reservatórios e dos agentes transmissores de doenças. Isso traz sensível melhoria na saúde e nas condições de vida de uma comunidade” (CF 2016 nº 32).

É imprescindível e até mesmo assegurado por lei que os Municípios elaborem seus Planos de Saneamento Básico em consonância com o Plano Nacional e assim a população tenha uma excelente organização no campo da sanitário.

Durante o período forte de conversão que é a Quaresma, a Igreja ergue sua voz profética anunciando que a Justiça precisa ser praticada. A água e o meio ambiente precisam ser usados com responsabilidade. Oferecer o saneamento básico é uma questão justa e constante. “A justiça não pode ser comparada a um rio temporário, que só tem água na época das chuvas. A Justiça não pode interromper o seu fluxo. Não pode ser um regato que desaparece. Deve correr sempre.” (CF 2016 nº 133).

As responsabilidades são coletivas, porém diferenciadas: o poder público tem a tarefa em realizar as obras de infraestrutura, implementar o Plano Municipal de Saneamento Básico, garantir a limpeza do espaço  público e fazer a coleta seletiva do lixo. Nós temos a responsabilidade, enquanto cidadãos e cidadãs, de cuidarmos do espaço onde moramos, de não jogar lixo na rua, de zelar pelos bens e espaços coletivos. Essas atitudes poderão nos aproximar do sonho do profeta que é o de “Ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5,25)” (CF 2016 nº 168).

Essa Campanha da Fraternidade ajude a todos nós a crescermos na responsabilidade pelo cuidado de nossa “Casa Comum”.

Dom Messias dos Reis Silveira

Bispo Diocesano de Uruaçu – GO